Espetáculo dedicado a todas as Marian(n)as e Dianas
que me ensinaram muito o que fazer e o que não fazer
Obrigado pelo carinho, pelo tesão e pelas neuroses
que me ensinaram muito o que fazer e o que não fazer
Obrigado pelo carinho, pelo tesão e pelas neuroses
O DIABO
O HOMEM
A MULHER
A ANJA
1. O laboratório existencial do Diabo
(Toca a música de faroeste de Ennio Morricone, tema de “The good, the bad and the ugly”. Em cada lateral do palco surgem o
HOMEM e a MULHER em posição de duelo. No meio, à posição de juiz, aparece O DIABO).
DIABO – (Em tom cerimonial). Estamos aqui reunidos hoje para fundir essas almas na santidade do casamento. (Solta um som primitivo de prazer, como se a alma salivasse). Se alguém sabe de algo que possa impedir essa união que cale a boca! Ou cale-se para sempre! Boa noite, eu sou o Diabo. Creio que todos aqui conhecem a minha obra. Buuuuuu! Buuuuuu! Seis, seis, seis, seiscentos e sessenta e seis, sim, senhoras e senhoras, sou eu, o maior vilão da História. Mas não temam! Estou de férias. Quero apenas me divertir. Pensam que é fácil engendrar uma crise econômica mundial? Aconselhar presidentes, senadores e deputados? Apoiar partidos de extrema-direita? Desenvolver táticas de guerrilha rebelde? Inspirar grupos radicais religiosos? Escrever músicas pop? Também preciso de descanso. Por isso, escolhi um tema para incendiar os corações. Eu estou aqui para inspirá-los. Para desafiá-los diante da verdade que guardam em silêncio em suas mirabolantes cabecinhas. Para provar a vocês que o ser humano não se envolve afetivamente por amor. O que vocês fazem é projetar o próprio ego na idealização que fazem do outro para se auto-afirmar. Vocês precisam se auto-afirmar o tempo todo diante do mundo e do espelho. Já o amor é algo para que a maioria de vocês não deseja estar preparada. (Com sarcasmo). Ohhhhh! Mas que surpresa! Quantas vezes já tentaram me convencer de que amar é oferecer? É dividir parte da própria alma com uma pessoa sem desejar nada em troca! É ver alguém crescer a partir daquilo que você dá! Mas estamos interessados nas teorias idealistas de JC? Inclua no pacote aquele papo da outra face. Quem não reagiria? Vocês querem apanhar mais da vida? É claro que não! Há mais de 2000 mil anos JC já estava ultrapassado. A minha relação com a turma angelical se constitui de um sadomasoquismo espiritual. Gosto de dar uns tapinhas no além. As criaturas divinas se orgulham de suportar o sofrimento, bate, elas me dizem. Eu bato, mas depois elas me acusam. Vem daí a nossa batalha. Eu dou o que elas pedem, elas me apontam dedos acusatórios e moralistas. Só que o tempo passa. Estamos no Século 21, é a era do indivíduo digital. Agora vocês são seres instantâneos, pop, pop, pop, ratinhos emocionais na gaiola do coração do dissimulado criador. Bem-vindos, sonhadores, ao laboratório existencial do Diabo.
HOMEM – Você vem sempre aqui?
MULHER – Ai, você é tão machista e previsível. (Pausa). Não é sempre, mas às vezes eu gosto disso, sabia?
DIABO – (Deliciando-se). Como são repugnantes! Por que não aceitam de uma vez? O amor é singelo demais para a humanidade. Pensam que estou sendo irônico? Sou muito sincero quando desejo. Vocês querem o conflito! Vocês querem uma falsa causa pela qual sofrer para fingir que são grandes. Vocês querem culpas, neuroses, ressentimentos, hostilidade e corações dilacerados como substitutos à incapacidade de amar alguém que não a si próprios. Mas quem sou eu para dar sermão? Não percam tempo com o pensamento, senão daqui a pouco vocês vão querer voltar a ler livros. E daí vão querer fazer escolhas baseadas em referenciais pessoais. Já pensaram no caos que vai ser? Nada disso! Rejeitem os livros! As minhas palavras sobre os sentimentos são só, tipo assim, um toque de amigo. Acreditem em mim, o amor é singelo demais para a humanidade.
UMA VOZ FEMININA NOS BASTIDORES – O que você sabe sobre o amor, demônio?
DIABO – Quem está aí? (Silêncio). Quem está aí? Mostre-se! (Com voz raivosa). Pelas leis do direito universal eu tenho o poder de fazer com que se mostre, intruso! Você está no meu território. Mostre-se!
(Entra a ANJA que se posta à frente do DIABO, dando as costas para a platéia).
DIABO – Maldição! Homem e mulher, saiam e retornem apenas ao meu chamado.
(Saem HOMEM e MULHER).
ANJA – Eles não têm nomes?
DIABO – O quê?
ANJA – O homem e a mulher não têm nomes? Identidades dão impressão de sentido aos seres humanos.
DIABO – Reconfigurar!
(DIABO e ANJA se movem como se o olhar sobre a cena girasse de ângulo, assumindo a posição do duelo).
DIABO – Onde estão as suas asas, fedelho?
ANJA – Temos novas tecnologias.
DIABO – Qual dos três é você?
ANJA – Depois de tanto tempo, ainda não diferencia os nossos olhares?
DIABO – Não tem a fúria autodestrutiva do Gabriel, nem a arrogância metida a superior do Rafael, só pode ser o ha, ha, ha, grande negociador Miguel. Miguel na pele de mulher. O que faz aqui, arcanjo? Está invadindo o meu território.
MIGUEL – Vim acompanhar a experiência.
DIABO – Não tem direito sobre essas almas, passarinho. Sabe bem que não pode interferir nos meus domínios.
MIGUEL – Não tenho poderes sobre essas pessoas. Estou aqui para garantir o bem-estar de quem está ao nosso redor.
(O DIABO observa e encara em silêncio a platéia por alguns segundos).
DIABO – Eles gostam mais de mim, arcanjo. Você é quadrado demais, padronizado e politicamente correto. Estou de férias e vou me divertir em mostrar que o estilo de vida que eles levam nada se assemelha ao ideal que fingem defender.
MIGUEL – Eu acredito no amor humano. (Estala os dedos. Toca “You´re my all, my last, my everything” cantada por Barry White). Os românticos são bem mais estimulantes do que parecem.
DIABO – Desde quando os arcanjos fazem uso da ironia?
MIGUEL – Desde que o Diabo começou a falar de amor.
DIABO – Não interfira, passarinho.
MIGUEL – Não dê motivo, mula-sem-cabeça.
DIABO – O seu exército é maior, mas estamos no meu território.
MIGUEL – Queremos paz. Você é quem adora incitar israelenses e palestinos.
DIABO – Siga o seu caminho.
MIGUEL – Faça-me rir. (Sai).
DIABO – Agora que o passarinho arrogante fugiu da boca da serpente podemos continuar. Essa noite homem e mulher serão muitos, serão eternos. Que ecoem as trombetas, o circo dos amores chegou! (Toca o refrão de “Highway to hell” do AC/DC).
2. Rei e Rainha
(Entram o HOMEM, com uma coroa de louros na cabeça, e a MULHER com asas de fada, cada um ocupando um lado do palco).
HOMEM – Psiu.
(A MULHER faz que não é com ela).
HOMEM – Psiu.
MULHER – É comigo?
HOMEM – Sim.
MULHER – Vai ter que melhorar a sua fala, campeão.
HOMEM – Boa noite, ninfa.
(Ela o mede com o olhar).
MULHER – Quem é você, hein?
HOMEM – Eu sou rei.
MULHER – Rei?
HOMEM – Possuo palácio, guarda pessoal, advogados e o novo modelo de Nintendo.
MULHER – Que exibido! Tem alguma cultura?
HOMEM – Cultura? Por Netuno, o que seria isso?
MULHER – Arte, antropologia, autoconhecimento, os maiores bens espirituais humanos. Misture um pouquinho de cada que vira cultura.
HOMEM – Você é do tipo cabeça, é?
MULHER – Não tente me rotular, sou inclassificável.
HOMEM – É mesmo? Pode me dar um exemplo da cultura que carrega?
MULHER – Você vai rir.
HOMEM – Juro que não.
MULHER – Shakespeare, Nietzsche, samba de raiz e “A pequena sereia”.
HOMEM – Hum, já ouvi falar.
MULHER – Ouviu nada! Você está me enganando.
HOMEM – Eu não enganaria você, ninfa.
MULHER – Eu não sou ninfa. Sou rainha.
HOMEM – Rainha?
(O REI corre em direção à RAINHA e tromba com um escudo invisível no meio do palco que o arremessa para trás).
REI – O que é isso? Por que está se protegendo de mim? Para que tanta resistência?
RAINHA – De onde você vem?
REI – Atenas, Roma e mais recentemente bolsa de valores de Nova Iorque.
(Ela ri).
RAINHA – Você é divertido. Você se acha!
REI – Eu me acho e agora achei você.
RAINHA – Espertinho! Eu não quis dizer isso.
REI – Eu sei.
RAINHA – Se você é mesmo rei e passou por tantos lugares, como não tem uma bagagem cultural?
REI – Lá vem você de novo com esse papo. Eu me amarro no Robert De Niro. Serve?
RAINHA – Hum! De Niro, um clássico.
REI – Sou clássico.
RAINHA – É mesmo? Qual é o sentido da vida?
REI – Batalhas épicas e donzelas nuas de graça.
RAINHA – Típica resposta de macho dominador. (Pausa). Gostei disso. O macho alfa está na moda de novo, será a tendência do próximo verão.
REI – (À parte). Do que diabos ela está falando? (Para ela). O que mais você espera de um homem, rainha?
RAINHA – Nada demais. Charme, inteligência, sensibilidade, autoconfiança, cumplicidade, sinceridade e pegada... ah, e deve gostar dos Beatles. Só isso.
REI – Caramba!
RAINHA – Onde fica o seu reino?
REI – No capital flutuante e o seu?
RAINHA – Entre Copacabana e o Leblon.
(De repente, o REI sorri).
RAINHA – O que foi?
REI – Adoraria beijar uma das suas orelhas.
RAINHA – Como se atreve?
REI – Sou um rei atrevido.
RAINHA – Aonde espera chegar com uma atitude dessas?
REI – A um novo paraíso. Me deixa entrar na sua vida.
(Silêncio).
REI – Me deixa entrar na sua vida e virar você do avesso.
(Novo silêncio).
RAINHA – O que está esperando?
REI – O que você disse?
RAINHA – O que está esperando para se atrever? Eu não vou mais ficar fazendo jogo duro, não serve de nada. Você não vai ser idiota de me dar menos valor porque eu também estou a fim e quero me entregar, vai?
(O REI se espanta, mas rapidamente se liga e corre para abraçá-la. Blecaute, começa a tocar “Let´s get it on”, na voz de Marvin Gaye. Depois de um tempo no escuro, a música é cortada. Foco no DIABO).
DIABO – Que delícia é a conquista. Os primeiros meses, um paraíso. Passo a passo surrupiando a alma do outro. Pouco a pouco enroscando a teia de projeções. Vamos acelerar um pouco o tempo e a ação. Quero paixão, quero loucura, não percam a chance, não se arrependam depois! (Desaparece).
RAINHA – Milorde, adorei a nossa noite, o jantar, o filme, o nosso momento juntinhos. Nunca senti isso antes, você é todo gostoso.
REI – Maileide, você é linda. Tão inteligente. Aprendi tanto nesses meses. Livros, filmes, músicas. (Pausa). Quem diria que um guardanapo seria tão útil?
(Mudam de posição).
RAINHA – (Com doçura) Como é o seu nome secreto?
REI – Menino. E o seu?
RAINHA – Menina.
REI – Você paga imposto por ser tão bonita assim?
RAINHA – (Ela ri). Eu amo você.
REI – (Ele a observa surpreso). Eu também.
(Afastam-se).
RAINHA – Onde você estava?
REI – Na caçada à corça do pé de bronze.
RAINHA – Podia ter me avisado.
REI – Sim, sim. A caçada foi ótima.
RAINHA – Você me ouviu?
REI – Sim, sim. A caçada foi ótima.
(Afastam-se mais).
RAINHA – Estou com aquela nova doença. Chama-se gripe.
REI – Cruzes! Eu vou à confraria me embebedar com os meus irmãos em armas. Boa noite.
(Afastam-se um pouco).
RAINHA – Tive febre à noite inteira. Me dá colo?
REI – Hoje não dá, tenho várias reuniões e estou de ressaca. Que tal amanhã?
(Afastam-se mais ainda).
RAINHA – O que você está pensando?
REI – Nada.
RAINHA – Nada?
REI – Nada.
RAINHA – Está acontecendo algo com você?
REI – (Para a platéia, revelando o que realmente pensa). Sim, estou estagnado com o nosso cotidiano. Sim, tenho a impressão de que por melhor que eu seja você nunca está satisfeita como era no início. Sim, eu penso em outras mulheres. (Volta para ela). Nada.
RAINHA – Nada?
REI – Nada. Deveria?
(Afastam-se a extremos como lá no início da cena).
RAINHA – Vamos ao cinema ou à execução de cristãos que você tanto gosta? Ouvi dizer que chegaram novos leões.
REI – Cansado.
RAINHA – Quer comer algo? Podemos pedir para entregarem um javali.
REI – Não, você faz questão?
RAINHA – Eu não como mais. Estou ficando acima do meu peso.
REI – Então, por que perguntou?
RAINHA –Apenas me preocupei com você.
REI – Para que se preocupar?
(Silêncio).
RAINHA – Me abraça?
REI – Daqui a pouquinho, deixa acabar o documentário sobre os dragões de Komodo.
(A RAINHA corre em direção ao REI e tromba com um escudo invisível no meio do palco que a arremessa para trás).
RAINHA – Por que você está se protegendo de mim?
REI – Por Zeus, mulher, eu não estou me protegendo.
RAINHA – O que houve com você?
REI – Nada.
RAINHA – NADA acontece com você.
REI – Calma, calma, foguentinha. Está histérica!
RAINHA – E o nosso amor?
REI – Oi?
RAINHA – E o nosso amor?
REI – Sei lá.
RAINHA – Você me ama?
REI – Acho que sim.
RAINHA – ACHA?
REI – Acho.
RAINHA –Você se acha! Isso sim!
REI – Sim, eu me acho.
RAINHA – Acabou.
REI – Já vou tarde.
(O REI se afasta. Fica parado de costas por alguns segundos e retorna, encontram-se no meio do palco).
REI – Olá, quanto tempo!
RAINHA – O que está fazendo aqui?
REI – Vim ver você.
RAINHA – Acha que pode voltar quando quiser?
REI – Apenas senti saudades.
RAINHA – Você só dá valor quando perde, não sabe viver na alegria.
REI – Você não sabe o que quer, mulher. Se estou longe, reclama, se estou perto, reclama.
RAINHA – Agora não quero nada.
(A RAINHA se afasta. Fica parada de costas por alguns segundos e retorna, encontram-se no meio do palco).
RAINHA – Não sei ao certo o que vim fazer aqui.
REI – Quer transar?
RAINHA – Você só pensa nisso.
REI – Parece que é a única coisa que vale a pena pensar.
RAINHA – Que tal pensar no futuro?
REI – Eu penso.
RAINHA – E nos nossos filhos?
REI – Que filhos? Nós não temos filhos.
RAINHA – Mas podemos ter, só que você prefere ficar se divertindo com essas pistoleiras.
REI – Preciso de um uísque.
RAINHA – Quer transar?
REI – Estou com muita raiva.
RAINHA – Eu também estou.
REI – E daí?
RAINHA – Não quer mais transar?
REI – Claro que quero.
(Blecaute).
Continua...
O sentimento não pode parar!
Pague pelos anúncios e tenha bons frutos no amor! (Ou aprenda fórmulas de ironia)
Veja filmes do Mel Brooks, leia Milan Kundera, ouça The Fratelis, faça sexo com cuidados básicos, volte sempre ao Fantástico mundo do Rafa!
11 comentários:
Fico feliz em anunciar que terminei de escrever a minha terceira peça, O amor segundo o Diabo. Nas próximas semanas vou disponibilizá-la em 5 partes para quem ainda não teve a chance de ler completa. Pode ver que é pura diversão. Ainda a veremos arrastar plateias nos palcos cariocas e Brasil a fora. Beijos, Rafa.
A comédia O amor segundo o Diabo é o espetáculo mais irônico a respeito dos relacionamentos afetivos da nova geração do teatro brasileiro. Se você namora, vive junto, já chegou ao altar ou mesmo conhece bem os efeitos de uma separação, vai saborear a provocação e as críticas à dinâmica do casamento contemporâneo. Com senso de humor e uma sutil camada de reflexão, o autor oferece à plateia com o potente efeito de catarse do riso a chance de reavaliar o comportamento da vida em casal, com texto ágil, diálogos inteligentes, comentários ferinos e situações surreais num ritmo de ação bem costurado pelo diretor e pelos quatro integrantes do elenco.
Divirta-se!
Legal, legal, até que enfim a peça! Quero ler toda... Adorei a citãção à pequena sereia... huahua... beijo.
Hahaha, Tenho certeza que algumas acharão provocaçao, eu adorei fazer parte disso. =) Afinal, voce é o que é graças á nós... hehehehehe
Te adoooorrooo!!
Bjs Rafito
Granda Rafa, com seu marketing personalizado! hehe muito bom!
Antes de ler sua peça, o que infelizmente não poderei fazer agora pq tenho coisa muuuito mais chata porém inadiável a fazer, estou curioso com a dedicatória inicial... A idéia é ser vítima da tentativa de capação ou assassinato? Você está querendo mais emoção para sua vida, é isso? Ou suas exs inacreditavelmente gostaram de serem tratadas como "maria(n)nas" e "dianas"? hehehe
Incrível a sua produtividade, Rafael. Gostei muito mesmo das primeiras cenas. Mas a peça só critica o amor ou tem compensações? Beijo.
As tags do Google Adsense que apareceram para mim no final da página tem tudo a ver com o texto...
http://img401.imageshack.us/img401/1071/blografa.jpg
abs
Rafael o PROVOCADOR. Este humor ácido, me parece mais mágoa, que provocação. Adorei! Beijos.
Caraca! Por que eu näo deixo nunca de me surpreender com suas novidades, hein Rafa?
Sempre gosto de separar uns trechos geniais, e só nesse post perdi as contas dos que queria CTRL+C e CTRL+V aqui.
"A minha relação com a turma angelical se constitui de um sadomasoquismo espiritual. Gosto de dar uns tapinhas no além."
Apesar de ser uma das Marianas, ainda torço para que você não seja o DIABO, pelo menos não full time!
Um beijo,
Mari Mazzoli
Há dúvidas se foi Deus ou se foi o Diabo quem criou as mães. Mas o amor, ah, o amor, esse assume sua bipolaridade humana.
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