De Rafa Lima
O purgatório
A chave gira apenas uma vez na fechadura da porta do apartamento, aberta, nada alerta, Vicky Pierrot, habituada a dar sempre duas voltas, “ele está aqui”, não mais estranha, nem desconfia, move-se sem medo quando a escuridão no interior do imóvel lhe toma a visão, entra, ouve o som de pessoas em celebração na rua e nos prédios, ano-novo, novo sentido de vida veio visitá-la nessa volta da Terra em torno do Sol, Vicky Pierrot paparicada pela realeza do talento, a euforia da festividade lhe acelera os movimentos, a cidade com ânsia de expansão, a jovem escritora pressente algo extraordinário, a alegria lhe acaricia um mamilo sob o vestido, “que vida-delícia é essa que eu tenho?”, pressiona o interruptor, a luz da sala se acende, “sabia!”, sorri de satisfação, o invasor se tornou um simulacro de amigo.
“Admirável a visão da máfia das letras que inventou para a televisão”, “cheguei perto?”, “não faz idéia”, “muito longe?”, “quem sabe?”, “você é impossível”, “sou?, de qualquer forma, vai trazer benefícios à causa”, “fico feliz em ajudar”, “e, hoje, animada?”, “sempre”, “adora festas”, “claro que sim, vim ao mundo para me divertir também, o prazer é o meu protetor”, “pensei que eu fosse o seu protetor”, “talvez se tornasse se confiasse em mim e me oferecesse algumas respostas”, “confio em você, mas não posso expor outras pessoas que confiam em mim”, “quem são?”, “você não entende”, “Rufus Lemon?, ele existe?”, “não insista, não desperdice o nosso encontro”, o olhar psicótico, ela recua, cala-se, baixa a cabeça, por que o chicote da curiosidade arde tanto?, “natureza humana”, aceita o papel, “sou a ponta da flecha”, ainda resta uma chicotada, “posso ao menos fazer uma pergunta que diz respeito a você?”, “faça”, “Tchuco?”, “o quê?”, “você é o ex-vocalista da banda Sêmen THC que desapareceu há dez anos atrás e nunca mais foi visto?”.
Carrossel espacial-temporal, a cor do silêncio, o homem adquire feições de estátua mítica, representação terrestre de milenar deus pagão, imobilidade da existência, a falta de sentido reluz, o oco, por isso sentem que é preciso inventar o sentido, e outro e outros, só que dessa vez novos!, com resíduo de Big Bang, a transição, o mundo, gigante cágado, move-se passo a passo, século a século, para outro lugar no tempo, de repente, a estátua sorri com o canto da boca.
“Menina, você possui poderes de observação extraordinários”, “não sou mais menina”.
Cravado!, encontram-se no subsolo da alma.
Tanto tempo sem se deixar tocar, por que tanta rigidez?, vai se defender da vida?, o beijo afoga o artificialismo da juventude, u-hu!, o que é a boca?, portal, “ele está com uma aparência terrível, mas que desejo é esse que me causa?”, o mistério engana.
Continua na parte final...
...Enquanto isso em Pessoinhas
(clique na imagem para ampliar)
O purgatório
A chave gira apenas uma vez na fechadura da porta do apartamento, aberta, nada alerta, Vicky Pierrot, habituada a dar sempre duas voltas, “ele está aqui”, não mais estranha, nem desconfia, move-se sem medo quando a escuridão no interior do imóvel lhe toma a visão, entra, ouve o som de pessoas em celebração na rua e nos prédios, ano-novo, novo sentido de vida veio visitá-la nessa volta da Terra em torno do Sol, Vicky Pierrot paparicada pela realeza do talento, a euforia da festividade lhe acelera os movimentos, a cidade com ânsia de expansão, a jovem escritora pressente algo extraordinário, a alegria lhe acaricia um mamilo sob o vestido, “que vida-delícia é essa que eu tenho?”, pressiona o interruptor, a luz da sala se acende, “sabia!”, sorri de satisfação, o invasor se tornou um simulacro de amigo.
“Admirável a visão da máfia das letras que inventou para a televisão”, “cheguei perto?”, “não faz idéia”, “muito longe?”, “quem sabe?”, “você é impossível”, “sou?, de qualquer forma, vai trazer benefícios à causa”, “fico feliz em ajudar”, “e, hoje, animada?”, “sempre”, “adora festas”, “claro que sim, vim ao mundo para me divertir também, o prazer é o meu protetor”, “pensei que eu fosse o seu protetor”, “talvez se tornasse se confiasse em mim e me oferecesse algumas respostas”, “confio em você, mas não posso expor outras pessoas que confiam em mim”, “quem são?”, “você não entende”, “Rufus Lemon?, ele existe?”, “não insista, não desperdice o nosso encontro”, o olhar psicótico, ela recua, cala-se, baixa a cabeça, por que o chicote da curiosidade arde tanto?, “natureza humana”, aceita o papel, “sou a ponta da flecha”, ainda resta uma chicotada, “posso ao menos fazer uma pergunta que diz respeito a você?”, “faça”, “Tchuco?”, “o quê?”, “você é o ex-vocalista da banda Sêmen THC que desapareceu há dez anos atrás e nunca mais foi visto?”.
Carrossel espacial-temporal, a cor do silêncio, o homem adquire feições de estátua mítica, representação terrestre de milenar deus pagão, imobilidade da existência, a falta de sentido reluz, o oco, por isso sentem que é preciso inventar o sentido, e outro e outros, só que dessa vez novos!, com resíduo de Big Bang, a transição, o mundo, gigante cágado, move-se passo a passo, século a século, para outro lugar no tempo, de repente, a estátua sorri com o canto da boca.
“Menina, você possui poderes de observação extraordinários”, “não sou mais menina”.
Cravado!, encontram-se no subsolo da alma.
Tanto tempo sem se deixar tocar, por que tanta rigidez?, vai se defender da vida?, o beijo afoga o artificialismo da juventude, u-hu!, o que é a boca?, portal, “ele está com uma aparência terrível, mas que desejo é esse que me causa?”, o mistério engana.
Continua na parte final...
...Enquanto isso em Pessoinhas
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10 comentários:
A partir de domingo, dia 14, a parte final do espetacular A descoberta da jovem escritora (wannabe a classic), o destino de Vicky Pierrot, o que Tchuco deseja?
Não percam, acreditem em mim, beijos.
"Carrossel espacial-temporal, a cor do silêncio, o homem adquire feições de estátua mítica, representação terrestre de milenar deus pagão, imobilidade da existência, a falta de sentido reluz, o oco, por isso sentem que é preciso inventar o sentido, e outro e outros, só que dessa vez novos!, com resíduo de Big Bang, a transição, o mundo, gigante cágado, move-se passo a passo, século a século, para outro lugar no tempo, de repente, a estátua sorri com o canto da boca".
Rafa, provavelmente esse é otrecho mais bonito e complexo que você já escreveu na vida! Parabéns, o que será do final?
ai, ai...
O trecho que Alice selecionou é um poema em prosa.
Tá amando, puto?´
Ou é ironia que já se conhece no pessoinhas?
Meu irmão, sei lá o que deu em você, estava possuído? Vai escrever assim lá no inferno!
Muito bom irmao! Continua assim.
que pena que já vai acabar, qual será o próximo?
Adorei!
não vejo a hora de ler mais!!!
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